2° CAPÍTULO

By | 16:02 Leave a Comment
Capítulo II

“Onde tudo começa”

Acordei no dia seguinte com um pouco de dor de cabeça (isso sempre acontece quando choro). Peguei meu celular e olhei as horas. Sete horas da manhã e eu estou acordada... em pleno domingo...eu acordei cedo no domingo...que bosta de domingo. Meu celular começou a vibrar toda hora, olhei e vi que eram mensagens.
-Parece que não sou a única trouxa que acorda cedo no domingo...
Abri pensando que talvez fosse o Pedro querendo saber se vou mesmo sair com ele. Pra minha surpresa era o Beto.
                                                                   -MENSAGENS ON-
-Bom dia linda, tudo bem?
-Vai se foder Roberto, atrapalhou meu sono.
-Nossa, que jeito de conversar com um velho conhecido

-Dá pra dizer logo o que quer? Tenho coisas mais importantes pra fazer.
-Mais importante que conversar comigo?
-Sim, muito mais importante!
-Você só tá nervosinha assim porque eu disse que tenho namorada!
-VAI SE FODER IDIOTA! NÃO QUERO QUE ENCHA MEU SACO OUTRA VEZ!
                                                                   -MENSAGENS OFF-
Beto idiota! Esse babaca não vai me deixar assim, ele não vai estragar meu domingo. Tomei um banho de banheira pra relaxar, já que a Margaridinha linda não vai estar aqui pra eu poder desabafar. Me vesti com uma camiseta branca e um shortinho preto desfiado e fui pra cozinha. Apenas me sentei na cadeira perto do balcão e fiquei olhando pro tempo.
-É a primeira vez que te vejo acordada tão cedo, guria. E também é a primeira vez que vejo alguém usando a cozinha para refletir.
Me virei e vi meu pai ainda com a mala de viagem, e com uma cara de cansado. Corri e dei um abraço bem forte no meu velho.
-Papai! Não sabia que chegaria hoje!
-Não por muito tempo, vou tomar um banho e voltar pro aeroporto logo, logo.
-Dessa vez é aonde?
-Uma semana em São Paulo e vou poder descansar. Mas o que preocupa minha garotinha?
-Nada.
-Ei! Eu sou seu pai, e eu sei quando tu estás preocupada, chateada, triste...
-Tá bom, tá bom... Pai, por que nós gostamos de quem não gosta da gente?
Papai pegou duas caixas de toddynho e se sentou em outra cadeira perto do balcão, me sentei em uma cadeira no outro lado.
-Princesa, não é... gostar de alguém que não goste de ti. Mas gostar muito e talvez não ser correspondida. Isso sempre acontece. Mas tem certeza que o guri não corresponde teus sentimentos?
-Acho que sim.
-Filha, tu és jovem e linda. Ele não é o único guri no mundo. Logo seu coração o apagará de vez, e tu nem vais mais se lembrar dele, e aí surgirá outro, que completará esse espaço vazio e cuidará bem de ti. Tenha paciência, sim?
-Obrigada papai!
-Sua mãe saberia como te explicar isso melhor...
-Papai, já falamos sobre isso. O senhor é o melhor pai do mundo e sabe como cuidar de mim.
Bom, acho que esqueci de contar um pequeno detalhe sobre mim. Minha mãe morreu quando eu tinha apenas cinco anos. Meu pai nunca me contou o motivo, mas sinto que ele se culpa por isso até hoje.
-Hoje era a folga da Margarida?
-Sim, todo domingo.
-Santa Margarida. Ela teve muita paciência pra cuidar de ti. Ela te ama muito!
-Eu sei, e eu a amo muito também!
-Bom, eu vou tomar o meu banho, pois preciso estar no aeroporto em menos de duas horas. Onde pretende almoçar?
-Vou almoçar na casa da Helô.
-Ótimo, vou deixar algo pras duas. Até logo filha!
-Até!
Papai subiu as escadas rapidamente. Continuei na cozinha por um tempo pensando sobre o que o papai disse. Comi algumas frutas e voltei pro meu quarto. Queria planejar o que vestir pra sair com o Pedro. Resolvi checar as mensagens, e vi que no meio de tanta mensagem do Beto, tinha mensagem do Pedro.
                                                                           -MENSAGENS ON-
-Anne Lis?
-Oi monamour, o que me conta?
-Vai mesmo sair comigo?
-Eu disse que sim, e vou. Não sou dessas que dizem algo e depois mudam de ideia.
-Eu sei, palavra dada é palavra cumprida!
-Exato!
-Desde que te chamei pra sair que tô ansioso, pensando que você ia desistir...
-Me lembre de te dar um soco quando sairmos.
-Pensarei no seu caso. Mas então, onde podemos almoçar?
-Não sei...
-Vamos naquele restaurante no...
-Aaaah Pedro, eu não sei nem soletrar o nome dessas comidas cheias de frescurinhas. Vamos comer um hambúrguer mesmo e pronto.
-Tive uma ideia melhor, vou cozinhar pra você... ou tentar cozinhar.
-Essa eu quero ver. Vou me arrumar.
-Te vejo as 11h?
-Pode contar que sim.
                                                                           -MENSAGENS OFF-
Certo, o que vestir? Quase entrei no meu guarda roupa (literalmente) e comecei a pensar nas possíveis combinações.
-Puta que pariu... eu não tenho nada para vestir!
Comecei novamente a procura e finalmente montei um look. Resolvi usar meu básico mesmo: Blusinha preta de alcinha, saia amarela bem rodada e uma rasteirinha. Resolvi não me maquiar, afinal, o Pedro já conhece essa obra grotesca que eu chamo de rosto.
-Ainda vai dar dez horas? Acho que vou sair mesmo assim e andar um pouco.
Andei sem ter ideia de onde ir. Tentar aliviar essa tensão, essa raiva, esse estresse que o Beto me fez ter. Finalmente, hora de ir me encontrar com o Pedro. Cheguei à praça Brasil e fui procurar um lugar na sombra. Comecei a ouvir duas vozes, e tenho certeza que conheço uma delas. Segui as vozes e então vi um casal. A guria era meio esquisita, mas o guri... OH DEUS...Beto.
-Vitória... Ei...Vick...
-O que foi agora? Para de me amolar!
-Será que dá pra me esperar?
-Pronto Roberto, estou parada igual uma pateta, agora pode dizer o que é?
Aquela ali é a namorada dele? Tá certo que eu não sou a pessoa mais bonita e gostosa do mundo, mas também não sou tão esquisita assim. Comecei a rir e me afastei, mas controlei o riso, pois é feio ficar contente com a desgraça amorosa dos outros. Já estava quase na hora do Pedro chegar, e eu ainda observava o Beto com a namorada, parece até que eles estão olhando pra mim... parece que perceberam...acho que eles estão vindo aqui...é, estão vindo...eeeeeeeeeeeita!!!!
-Oi Anne, o que apronta por aqui?
-Eu? Aaaaaaaaaaah... nada!
-Nada?
-Nada que seja da tua conta.
-Anne, não me trata assim. Eu te amo, e amo muito. Por favor, não quero seu desprezo.
-Ama. Claro que ama. É igual aquela música do “Só pra contrariar”, né?!(não sei de onde tirei coragem, mas comecei a cantar) “Tô fazendo amor com outra pessoa. Mas meu coração vai ser pra sempre seu...”
-Tenta me entender...
- “... O que o corpo faz, a alma perdoa. Tanta solidão quase me enlouqueceu...”
-Anne...
-(Uma parte eu esqueci, então resolvi pular)”... Fica dentro do meu peito sempre uma saudade. Só pensando no seu jeito eu amo de verdade...”
-Anne, me escuta.
-”... E quando o desejo vem, é teu nome que eu chamo. Posso até gostar de alguém, mas é você que eu amo.”
-Anne, para! Tenta entender, nós nos afastamos e...
-Isso não quer dizer nada, eu tô sozinha até hoje. Eu sou muito trouxa! Eu desmatei a Amazônia na porrada pra fazer meu papel de trouxa.
-Anne, não me trata assim. Eu amo você, mais do que a mim mesmo.
-Tu és um babaca Roberto, some da minha vida!
-É isso mesmo que você quer?
E então aquela nojentinha apareceu aqui. Essa cara de deboche dela ficaria linda sendo esfregada no asfalto... Anne Lis, PARE AGORA COM ESSE CIÚME!
-Amoor, não vai me apresentar pra sua amiga?
-Ela... não é minha amiga.
MASOQUE?
-Eu vi que ela estava me olhando, e pensei que fosse uma fã. Mas acho que ela não vai querer foto, não é mesmo?
Aquela nojentinha abusada me olhou dos pés a cabeça, enquanto o Beto, esse desgraçado, me olhava com frieza.
-Não, eu... esqueci meu celular. Mas obrigada mesmo assim.
-Que pena, queridinha. Vamos logo meu amor, estou faminta.
Aquela debochada ainda joga essa porcaria toda cagada que chama de cabelo, como se pudesse me atingir. Desculpa aí, QUERIDINHA, mas tu não vai me fazer raiva, pois teu namoradinho já fez isso. Beto ainda olhava pra mim com frieza, mas agora também senti um pouco de tristeza. Ele começou a se afastar e me olhava em alguns momentos. Segurei as lágrimas e a cara de choro, pois não daria esse gostinho pra ele. Não sei quanto tempo passei olhando aquele babaca sumir com aquela metida do nariz empinado, só sei que senti um beijo no canto da boca.
-Pedro pontual... que saudade!
-Tanta vontade de te ver não me permite atrasar.  E permita-me dizer que tô e achando ainda mais linda desse jeito.
-Tu me superas no quesito beleza. Qual é o plano?
-Almoçamos, e podemos assistir a nossos filmes favoritos a tarde toda. Que tal?
-Sabe mesmo como agradar uma guria.
Pedro me levou até a casa dele. Quando chegamos o almoço já estava pronto, ainda bem, estou com mais fome que uma frota de pedreiros. Ajudei o Pedro com a louça e então fomos pra sala.
-Quais filmes temos pra hoje?
-O chamado... Annabele...Invocação do mal...O exorcista...
-Já vi todos esses e achei sem graça.
-O que quer fazer então?
-Que tal cantar pra mim?
-Não se cansa de pedir isso?
-Não, e comece a cantar logo! Não é um pedido, é uma ordem!
Pedro deu uma risadinha e sentou no meu lado. Aproveitei, e deitei minha cabeça no colo dele. Pedro acariciava meu cabelo... ooooooooh delícia! <3
-Se o mundo inteiro se acabasse por um beijo teu, ainda assim te beijaria mais...
Enquanto Pedro cantava pra mim, comecei a pensar em cada vez que ele tentou se aproximar de mim, e eu o evitei, pois amava o Beto... ainda amo...infelizmente. Quando resolvi voltar ao mundo real, percebi que agora estava sentada, e com o Pedro olhando bem nos meus olhos.
-Não sei como acabei assim tão seu...
Ele tá mais perto, e eu consigo sentir a respiração dele.
-Só seu...
-Uma mão dele tá chegando à minha nuca.
-Só seu...
Pedro se aproximou ainda mais. Eu não sei dizer se era o coração dele, ou meu, que estava acelerado. Mas sei dizer, que quase não controlei minha respiração enquanto Pedro se aproximava mais ainda. Eu comecei a sentir um calor dentro do meu peito, mas como isso é possível?
-Sabe Anne, você ainda me deve um beijo.
-Devo?
-Sim, não apenas um, mas vários.
Pedro se aproximava mais ainda, enquanto seus dedos adentravam meu cabelo.
-Você me deve muitas coisas Anne Lis, e eu pretendo cobrar...
E então nossas bocas finalmente se tocaram. No inicío eu não reagi, mas então me lembrei do Beto agindo como se nossa história nunca tivesse acontecido. E sem pensar, retribuí cada beijo e cada toque do Pedro. Pedro agarrava no meu cabelo com vontade enquanto eu acariciava aquela nuca linda (tudo nele é lindo, né nom?). Aquela língua maravilhosa sabe como enlouquecer uma mulher. Pedro foi me deitando no sofá, e começou a acariciar e dar leves apertos nas minhas coxas, e então a mão dele começou a subir até a minha calcinha. Pensei em parar com tudo aquilo, mas meu corpo não queria que isso parasse. Pedro mordia meu pescoço bem de leve enquanto seus dedos puxavam minha calcinha, bem devagar.
E foi quando a campainha tocou e estragou todo o clima. Pedro se sentou novamente e começava a tentar normalizar sua respiração. Me olhou com um sorriso safado, se inclinou, e me deu um selinho. Finalmente foi atender quem quer que fosse o estraga clima.
-Cara, a Vitória tá me deixando maluquinho!
-O que houve?
-O teatrinho de sempre.
AI MEU DEUS! BETO TÁ AQUI! Corri pra cozinha na mesma hora e fiquei ouvindo a conversa deles.
-Tente entender sua namorada, Beto. Isso é ciúme de namorada.
-Não, já faz tempo que deixou de ser ciúme pra virar chantagem emocional.
-Será?
-Tô com a impressão de que eu interrompi algo.
-Ah... bem...
-Relaxa cara, só queria saber se vai rolar o ensaio amanhã?
-Vai sim, e depois podemos sair e curtir um pouco.
-Vamos chamar a dupla dinâmica?
-Claro, agora vou querer fazer até o impossível pra não me desgrudar dessas lindas!
-Acho que já se apaixonou por uma delas...
-Para de história...
Pedro começou a dar a risadinha nervosa dele. Pude imaginar ele vermelho enquanto ria.
-Bom, eu já vou indo. É dificíl que você arrume uma mulher, e não quero que fique reclamando de sempre segurar vela.
-Nossa, como você é engraçado.
-Isso e muito mais. Até logo.
-Até.
Ouvi a porta sendo fechada e voltei pra sala.
-Sente tando medo assim dele pensar que estamos juntos?
-Não me importo com o que ele pensa.
-Então poderia ter continuado aqui.
-Não quero ver esse babaca tão cedo.
-Está assim por saber que ele tem uma namorada?
-Não enche.
-Não quero que sofra, Anne. Eu não quero te ver triste!
-Awn Pedrinho, essa tua fofura é mais um motivo pra eu te amar!
-Como amigo?
-Pedro...
-Tudo bem, eu transformo esse amor com meus beijos.
Passei minha tarde com o Pedro. Os beijos, as carícias, as palavras de amor (mas ficamos só nisso mesmo). Acho que vou ficar com o Pedro, talvez eu sinta algo se der essa chance pra ele. Quando cheguei em casa, vi duas bolsas lotadas de presente, e lembrei do que papai disse. Corri pra casa da Helô na mesma hora.
-HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEELÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ!!!
Helô me recebeu com uma cara de poucos amigos, mas deixou entrar do mesmo jeito.
-A próxima vez que você fizer esse escândalo, juro que vou te jogar um balde de água suja.
-Me ameaçe depois. Papai trouxe presentes pra nós duas!
-Ai que tudoooo!
-Me ajuda a separar os presentes da Margarida?
Helô e eu passamos o resto da tarde abrindo presentes. A Tia Helena (Mãe da Helô para os não íntimos) pediu para continuarmos nossa conversa no quarto da Helô. Me joguei na cama enquanto Helô fechava a porta.
-Amiga, tenho algo que preciso te contar!
-Então conta logo, porra!
-Sabe o Pedro?
-Sim?
-Eu nunca te contei, mas eu era apaixonada nele quando ainda estudávamos juntos.
-Mas po...
-Cala a boca que eu não terminei... depois do show de sábado, e de ter conversado com ele no whatsapp, descobri que ainda sou apaixonada nele!
Fiquei totalmente muda. Não conseguia pensar em nada legal pra dizer.
-Ai Anne, eu já achava o Pedro super gato antes, agora então, ele tá uma delícia!
-Que super, Helô. Mas tem certeza disso?
-Sim, eu estou apaixonada pelo Pedro.
Após ouvir Helô me dizer o quanto gosta do Pedro, resolvi voltar pra casa o mais rápido possível. Cheguei em casa e me joguei no sofá. Meu whatsapp lotado de mensagens do Pedro.
                                                                      -MENSAGENS ON-
-Anne Lis?
-Oi Pedrinho!
-Você passou sua tarde comigo e eu já estou com saudade.
-Não exagera Pedro!
-Mas é a verdade. Você não sabe como eu me segurei pra não tentar algo a mais.
-Ainda bem que não tentou.
-Anne, acho que não te resisto. Agora eu quero te ver toda hora, quero você no meu lado, quero você de conchinha comigo... quero você!
-Pedro, assim tu me assusta.
-Desculpa. Mas sabe, ensaio amanhã. Você e a Helô tem que ir também.
-Acha mesmo que vou perder essa oportunidade de ver meus amores?
-Espero mesmo que não perca!
-Até logo, Pedro.
-Até logo, Anne.
                                                                     -MENSAGENS OFF-
Chequei todas as mensagens, e encontrei mais mensagens do Beto. Nem me preocupei em visualizar, eu preciso pensar. Helô é apaixonada pelo Pedro. Eu fiquei com o Pedro. Eu sou uma idiota. Nem tudo está perdido. Farei com que Helô e Pedro fiquem juntos, e continuarei sem dar bola pro Beto.
Ainda não eram nove horas, mas resolvi me jogar na minha cama e tentar dormir. Beto. Pedro. Helô. Só espero não perder minha amiga, mas também não quero perder o Pedro e nem o Beto. O que fazer para resolver esse dilema?


Dica Bellavilhosa do dia: Pagan John-Inesperado.

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários: